domingo, 19 de dezembro de 2010

Palavra de Produtora Executiva...

Caí de Para-quedas no Curso de Extensão de Produção de Documentário da UEPB! Meu primeiro dia de aula fora no Dia de Luta pelo Cine São José, e lá encontrei o amigo e Professor André da Costa Pinto e o questionei por não ter me avisado sobre o Curso, ele me disse que ainda havia tempo, bastava eu não perder mais aula. Mesmo que ele não tivesse dito isso e abonasse minhas pretensas faltas, eu não seria louca de perder uma aula sequer, pois o Curso se mostrou muito interessante a cada aula, conheci pessoas e parceiros de trabalho em meio à análise de documentários belíssimos e um material didático muito bem elaborado e esclarecedor. O Curso, consequentemente, já abriu para mim os caminhos na Produção cinematográfica em minha carreira de Produtora Cultural.

Formada em Direito e sem o menor gosto em trilhar os caminhos forenses, encontrei no Curso de Teatro do TMSC (Teatro Municipal Severino Cabral) minha verdadeira vocação, muito embora já a tinha percebido na infância, mas nunca tive a coragem em enfrentar cursos fora do meu Estado, pois na época em que fizera o vestibular, os cursos oferecidos eram os mais “básicos”.

Foi no Teatro que me apaixonei pelos bastidores e por todos os passos que norteiam uma Produção Cultural. Com o tempo, conheci pessoas como eu, que tinham o anseio em ver a Produção Cultural local ser valorizada e esperavam a capacitação dos profissionais de Produção. Comecei a fazer cursos e a aprender, na prática, o que faz um Produtor Cultural. A lembrança da experiência com minhas brincadeiras da infância ajudaram e fortaleceram minha busca pelo aprendizado.

Com os estudos, percebi que até o meu curso de Direito, tão menosprezado por mim, complementou meu interesse pela Produção, passei a ter o cuidado com a papelada jurídica e administrativa, tão necessária no meio cultural, afinal de contas, esse é o papel do Gestor Cultural, consoante Summerton (2004): “transplantar para as artes os conceitos de gestão empresarial”.

Para mim, o amadorismo não pode mais existir - ter paixão pela arte, ter paciência com a burocracia, ter jogo de cintura - não é mais condição sine qua non, faz-se mister ter um conhecimento específico acerca do Sistema da Cultura e da Administração. Planejar, Organizar, Liderar, Coordenar e saber os números do nível de Desempenho tornaram-se minha meta, para tanto, ingressei este ano de 2010, na Pós-Graduação em Gestão Cultural, no SENAC- ead, em Recife.

No meio do audiovisual, tive duas boas experiências, fui assistente de Platô no vídeo-documentário de Luciano Mariz “Os Balões de 74”, viajei para a cidade de Boqueirão para gravar a parte ficcional, minha participação foi na preparação dos figurantes para a entrada no set de filmagem. A segunda experiência foi na cidade de Areia, envolta da magia do Teatro Minerva, no Documentário “Casinha de Bonecas - a Minerva Centenária”, Projeto Multimídia de Conclusão do Curso de Arte e Mídia da UFCG, de Lunara Araujo, minha prima-irmã. Nele, participei na Assessoria Jurídica e também como Assistente de Platô. Ambas experiências ainda tímidas.

Contudo, os convites para participar de outras produções foram surgindo e me exigiam mais formação e informação específica. Participei das Oficinas com Beth Formaginni no Comunicurtas dos anos de 2007 e 2010 e passei a ler mais sobre o assunto. Foi assim que o Curso de Produção em Documentário da UEPB caiu como um presente, através dele pude entender melhor os trâmites da burocracia, a planejar cada passo e a ter a percepção cabível ao Produtor. O professor André, não poupou informação e posso dizer que “entregou o ouro”, embora saiba que muito depende da personalidade de cada profissional de produção.

As atividades propostas me despertaram ainda mais o interesse, mas se tornaram pesadas na minha já corrida vida, e por muitas vezes tive a vontade de desistir. De repente, a indicação de André para ser a Produtora Executiva de um dos Documentários escolhidos pela turma me paralisou, não podia mais voltar atrás... fiquei envaidecida pelo convite e assustada com a responsabilidade, mas resolvi seguir em frente. Com prazos definidos, me vi obrigada a comandar uma equipe, antecipadamente ao meu intento, de só me atrever a tal, quando estivesse “preparada”, mesmo sabendo que se ficarmos esperando o momento certo, ele nunca virá, não me dando conta (agora sei) que o momento certo era aquele/este, de aprender e errar e consertar, pois ainda estava sob a proteção da unidade acadêmica.

Sendo assim, aceitei o desafio e na produção do Documentário “MARIA DO CAIXÃO”, me meti em tudo que pude, desde o que competia a mim ao que não competia, como no roteiro, pesquisa e arte. Não nego que apesar da carne trêmula e noites insones, me diverti muito.

Já no dia seguinte, fui visitar Dona Angélica, iniciando o processo de Pré-Produção (como fora uma produção “relâmpago”, Pré-Produção e Produção se misturam) , com a pesquisa. Encontrei uma senhorinha sorridente, sábia e lúcida, apesar da idade avançada, e pude sentir que seria uma experiência incrível em minha vida. Passei tardes ouvindo sobre a compra do caixão e como fora sua vida inteira e quais seus planos para o futuro. A câmera captou com maestria a alma desta idosa que com seus 86 anos de idade, nos passa uma lição de vida, mesmo falando de morte. Com Dona Angélica aprendi a não ter medo da morte e aprendi a pensar na minha morte de forma leve, mas principalmente, na minha vida de forma mais leve. Aprendi a querer um bem verdadeiro àquela que é a nossa estrela de cinema!

A boa energia de Dona Angélica contagiou toda equipe, que trabalhou em harmonia desde o começo, para completá-la, sem nenhum custo adicional no orçamento, convidei o cartunista premiado Oscar William Simões, que inspirado na pitoresca história de Dona Angélica, elaborou a Logomarca do Projeto de forma inteligente e divertida, assinando, destarte, a arte gráfica do Documentário, trabalho em conjunto com Katarina Neppma e com o fotógrafo, também premiado, Wagner Pina, que em seu primeiro trabalho como Still, transformou em obras de arte o nosso registro de making of fotográfico.

Agradeço aos parceiros e apoios obtidos na parte lojística, meus sinceros agradecimentos à Prefeitura Municipal que forneceu a van e transportou toda equipe, buscando e deixando todos em casa com segurança. Ao Restaurante Mororó, na pessoa de Paulinho Dantas, que forneceu as quentinhas no dia das gravações, a Mortuária Bom Jesus, que emprestou o caixão para a cena ficcional, à Senhora Lila e seus 6 filhos, quem abriram as portas da sua casa na Vila Cabral, para que pudéssemos gravar mais uma cena ficcional, ao professor Alan da UFCG, que de pronto autorizou a gravação da trilha sonora e aos meninos do estúdio da UAAMI, Bernardo Hennys e Ludemberg Bezerra.

Em se tratando de trilha sonora, o Projeto MARIA DO CAIXÃO surpreenderá, assim como surpreende o trabalho da cantora e compositora Katarina Neppma, que canta em capela uma Incelença, expressão musical popular de domínio público, de forma magistral, abrindo o Documentário. Para finalizar, mais música! Uma trilha sonora original, inspirada na mesma Incelença, faz subir os créditos finais, de forma instrumental e mais alegre pelos arranjos dos músicos pessoenses, Felipe Kariri e Fábio Sacal, que incluíram o tom que o nosso Documentário possui – Um registro sobre a vida, sem medo de pensar na morte.

Fiquei feliz ao saber que este trabalho, primeiro em conjunto com a 7ª arte, na vida desses profissionais que convidei, começou a abrir o leque para cada um em sua área, da mesma forma que está acontecendo na minha vida pessoal e profissional.
Para contratar os profissionais da parte técnica, tive o apoio do professor André da Costa Pinto, que soube nos direcionar e conhecer o tipo de equipamento que melhor se encaixava com a proposta do Documentário. Trabalhar com profissionais experientes me deixou mais tranquila, pois sabia que qualquer descaminho por falta de experiência da nossa equipe, eles reconduziriam ao eixo. Nathan Cirino, Jonatha Medeiros e Ian Costa foram profissionais competentes e contribuíram para o clima nas gravações, que fora dos melhores.

A Produção, propriamente dita, decorreu tranquilamente, me preocupei demais para ter problemas de menos, principalmente com a segurança e alimentação. Ao final das gravações, todos estavam contentes com o resultado do trabalho. Ouvi elogios à Produção e fiz questão de pedir a cada profissional que me tecesse comentários acerca do trabalho de produção desenvolvido. Fora bem gratificante ouvi-los, e erros e acertos foram tomados em nota.

A única coisa que faltou para que a produção fosse elevada ao grau de contentamento foi a captação de recursos, os calos nos pés e nas cordas vocais e a apresentação de um bom projeto/produto, não foram suficientes para atrair a atenção do empresariado campinense.

O processo de elaboração e administração foi doloroso, criar e se ater à parte burocrática não é tarefa das mais fáceis, principalmente por possuir uma sensibilidade em grau elevado, mas foi muito gratificante. Com o processo de elaboração pude compreender que tudo o que você viveu até então, pode contribuir com a criação, tudo o que você viu, ouviu, leu, sentiu, conquistou, etc, ajuda a construir, a sua percepção pessoal é realmente muito importante.

Montar o plano de mídia para elaborar a Carta de Apoio para negociar com o patrocinador, fazer o Orçamento, fazer a Ordem do Dia, Plano de Filmagem, providenciar o checklist e distribuir as tarefas, sendo eu uma pessoa que teve que aprender a centralizar, pela falta de profissionais na área, foi bem complicado. Agravou, ainda, o fato de não conhecer a equipe, trabalhar sem ter a ciência do temperamento, das inseguranças, das reais aptidões e dos brios de cada um, foi como nadar em mar aberto. Porém, encaro como um reforço para ter a certeza, lá na alma, que trilho o caminho certo e que, se conseguimos nos unir e pensar em conjunto para entregar um trabalho de qualidade com menos de 1 mês para maturação, conseguiremos muito mais!

A Pós-Produção fora a mais complicada, adoeci no meio dela, e percebi nesta etapa que as decisões têm que ser mais firmes, e que estas decisões entram em choque com as dos outros colegas e cabe a você, como produtora cultural, a união da equipe e o zelo em manter a sua calma e a dos demais (isso não é nada fácil ...) Qualquer escolha pode mudar o direcionamento do trabalho, que tem que ser coletivo. E a busca para fazer o melhor que se pode chega a ser exaustiva, tanto na Edição do vídeo, mesmo com a orientação de Renato Hennys, quanto na escolha do material gráfico para divulgação. O processo de divulgação também se torna outro aprendizado, pois não pude me ater apenas à imprensa e ao público, através das mídias sociais, a divulgação teve que ser interna e administrativa, ao mandar os convites e cartas de agradecimentos e informações sobre o Projeto aos apoiadores.

Já o processo de distribuição vou aprender, na prática, com a lista dos mais de 30 festivais que ocorrem no Brasil e dicas de como representar bem o seu filme onde quer que seja. Cada um da equipe se sente assim, meio pai, meio mãe, porque a sensação é realmente de ser um sonho realizado ou um filho “parido”, como tanto se fala por aí. Seja filho ou seja sonho, você tem que criar. Esta reflexão veio através da música de Carlos Trevisan, que diz: “Porque sonho é como um filho seu, ou você cria, ou é mais um no mundo!”

A ansiedade para mostrar o trabalho pronto é grande. Eu que sempre me preocupei com a reação das pessoas, ao consumir cultura, agora me preocuparei em dobro. Saber o que o documentário provocou nelas, o que as tocou, será mais uma experiência fantástica. Meu desejo é que realmente o Documentário Maria do Caixão cumpra seu papel, e desperte nas pessoas o que despertou em mim. E vislumbro que esta ansiedade não cessará, me acompanhará a cada exibição.

Por fim, constato na prática o que aprendi em sala de aula: que o acaso trabalha a nosso favor e o realizar imagético, simplesmente acontece!

Moema Vilar

domingo, 12 de dezembro de 2010

Programa "Diversidade" trará entrevista sobre o Documentário

A emissora de Campina Grande, afiliada a TV Cultura, TV ITARARÉ, realizou uma entrevista com os alunos do Curso de Produção em Documentario, que fazem parte da Equipe responsável pela criação do Curta metragem "Maria do Caixão".

A entrevista reuniu os participantes que colaboraram de diversas formas e que possibiltaram a concretização de um dos seis filmes produzidos, que conquistará, o sorriso, o choro e as lágrimas de seus telespectadores e trará o despertar para uma maior reflexão sobre a vida e quando ela desbrocha em mistério.

A matéria será veículada no PROGRAMA DIVERSIDADE,com exibição no dia 16 de dezembro, às 13 HORAS , com reprise às 19:30 HORAS. Vale muito a pena conferir!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Para borbulhar a mente.

“Cada vez que respiramos, afastamos a morte que nos ameaça. (...) No final, ela vence, pois desde o nascimento esse é o nosso destino e ela brinca um pouco com sua presa antes de comê-la. Mas continuamos vivendo com grande interesse e inquietação pelo maior tempo possível, da mesma forma que sopramos uma bolha de sabão até ficar bem grande, embora tenhamos absoluta certeza de que vai estourar.” (A Cura de Shopenhauer, Irvin D. Yalom)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ESTRÉIA MARCARÁ A SÉTIMA ARTE PARAIBANA

Os seis documentários produzidos pela turma pioneira do Curso de Extensão em Produção de Documentário da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), de iniciativa do Departamento de Comunicação Social (DECOM/CCSA), ministrado pelo professor e cineasta André da Costa Pinto, iniciado no mês de outubro e concluído neste mês de dezembro, serão exibidos esta semana.

O Curso de Produção de Documentário já é visto como um verdadeiro sucesso pelos artistas, produtores e acadêmicos e a qualidade dos documentários produzidos pelos alunos está surpreendendo a todos. Segundo o criador do Projeto, o Professor Dr. Luiz Custódio da Silva, “a iniciativa de promover um curso que incentivasse o aluno a produzir em um formato audiovisual, já era estimada pela Universidade e agora toma uma proporção concreta de suprir a necessidade que o Curso de Comunicação tinha”.

O Lançamento ocorrerá nessa quinta-feira, 16 de dezembro, às 19h30min, com entrada gratuita, no Cine São José, localizado na Rua Lino Gomes, s/n, no bairro do São José, espaço onde a produção audiovisual paraibana terá presença marcante.

Os Curta-Documentários : “Chico de Itararé”, “Maria do Caixão”, “O Prazer em Cartaz”, “Palhaços”, “Pedras que Cantam” e “22 anos”, são a comprovação de que o cinema paraibano está em seu auge e a garantia de lágrimas e sorrisos.

Para quem quer curtir o clima dos cinemas de bairro de outrora, é uma ótima opção. O cheiro de pipoca já está no ar!

Palavra do Diretor Thiago Marques!

Dona Angélica é senhora carismática, uma mulher capaz de transformar tragédias gregas em excelentes comédias. Cabelos brancos, meio cobertos por um pedaço de pano, olhos atentos a qualquer movimentação. Raríssimos encontros em minha vida me permitiram estar ao lado de alguém de tão nobre preocupação e complacência. “Senta menino”, “puxa uma cadeira menina”, convites sinceros que enriqueceram aquela tarde de boas gravações. Maria, sua irmã, outra jovem senhora, acalentou nossas emoções com sua doce maneira de falar. Sabíamos aonde iríamos, nos predispomos ao ineditismo e perseveramos pelo bom desempenho do projeto. O que não imaginamos foi a grandeza nas lições de vida que pudemos conhecer. Uma prosa enriquecedora que ficará guardada em nossas memórias.
Fez-se necessário falar sobre a morte para conhecermos a vida. Numa troca de diálogo que retrata muito mais a visão do cotidiano de cinco pessoas do que sobre um fato consumado, esse é um registro de ideias convergentes que se encontraram num dia. Um encontro inesperado, mas justificado pelos extremos, a vida e a morte, em busca de um sentido.
D. Angélica iniciou esse discurso quando, na década passada, fez uma compra. Esteve ao lado dos bens adquiridos durante anos, mas quis sua reflexão que o dia-a-dia fosse modificado. “... mas ela não chegava, mandei o menino quebrar e botar fogo”. Às irmãs, restou uma companheira, sempre funcionando sob o compartimento na estante do quarto.
                É nessa época que D. Angélica condena a filosofia shopenhaueriana que dizia: “Não devíamos amar a vida, já que ela nos troca ou nos lança para as garras da morte” e faz as pazes com Epicuro, filósofo grego que se dedicou em refletir sobre a felicidade, e para tanto, considerou: "A morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações."  
Talvez ela não conheça este mundo confuso da filosofia, no entanto assistir ao Maria do Caixão, nos permitirá conhecer a alma de uma mulher provocadora de reflexões e nos colocará em profunda análise sobre nossas próprias vidas.

Thiago Marques

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Palavra do Diretor Hildeberto!

Morei na Vila Cabral desde criança e escutava histórias e curiosidades que despertaram a minha atencao - uma delas foi o caso de Dona Angelica , a Maria do Caixão. Com o passar dos anos, comecei a me interessar por cinema e queria fazer a todo custo e sem experiência um Documentário sobre personalidades da Vila Cabral. Chamei alguns amigos que também estavam loucos pra fazer cinema. Em princípio fomos fazer a Pesquisa e nos reunimos algumas vezes, mas com outros compromissos, a Equipe foi se dispersando, mas eu nunca tirei da minha cabeça a história de Dona Angelica.

Dois anos depois, comecei a me especializar em Documentários em um Curso de Extensao através da UEPB. Em uma das aulas, o professor André da Costa Pinto, pediu Argumentos, dos quais escolheria os 6 (seis) melhores para iniciar o processo de producao, para enfim, gravar. O projeto MARIA DO CAIXAO foi selecionado e agora o Brasil inteiro vai se emocionar com essa história que vai encantar a todos.

Hildeberto Figueiredo

AGRADECIMENTO ESPECIAL À PRIMEIRA EQUIPE:
Eudes Júnior
Gerson Jonnathan
Ronny Luna
Silvânia Araújo
Tainana Freitas